sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Nostalgia analógica




Se alguém já revelou um rolo fotográfico sabe que os químicos utilizados para esse fim têm um cheiro bastante intenso, que se impregna na roupa e na pele.



Apesar de já não revelar uma fotografia há cerca de um ano e meio, esta madrugada, em jeito de déjà vu, fui visitada por esse odor peculiar. E fiquei nostálgica.

A fotografia analógica tem uma magia inerente que me fascina.

Desde o primeiro momento, que deposita uma sensação de incerteza naqueles que se rendem aos seus encantos.

Logo no acto do disparo.
Depois vem a revelação...
Quando se abre o tanque onde o negativo foi revelado há sempre aquele friozinho na barriga. Uma pequena distracção pode ter destruído todos os momentos que fomos recolhendo com tanto cuidado e dedicação.
Se as imagens sobreviverem (normalmente é o que acontece), resta passá-las de negativo para positivo. O papel é exposto à luz, por breves instantes, e depois mergulhado no revelador. Aos poucos, apesar da escuridão da sala, assiste-se ao aparecimento de uma imagem, a fotografia.

Este processo delicado e moroso encantou-me.
Tirei a máquina analógica do baú e rendi-me aos rolos.

Hoje o meu disparo é mais cuidado. Só pressiono o botão quando acho que o enquadramento, o foco e a luz estão (quase) perfeitos. Fotografar passou a ser um ritual e não uma atitude leviana e despreocupada.

Chamem-me revivalista, antiquada, o que quiserem...
mas prefiro as fotografias com as impurezas características da revelação manual, demasiado contrastadas porque nos excedemos no tempo de exposição, prefiro as fotografias artesanais.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Arte obcecada

Ursus Wehrli é o impulsionador do movimento “The art of Tidying up” que é como quem diz “A arte de arrumar”.

O caos é algo que incomoda o artista suíço.

Wehrli recusa a tendência natural do mundo para a desordem e propõe uma realidade onde impera a organização. A febre da arrumação pode contaminar qualquer ambiente.

Fotografia de Ursus WehrliBanhistas são alinhados na relva de acordo com as alturas, carros são agrupados por cores num estacionamento, massinhas de uma sopa de letras são dispostas por ordem alfabética.


No final, composições aleatórias dão lugar a imagens cuidadas e pensadas.

Mas não só o mundo real é objecto de transformação. A obsessão de Ursus Wehrli pela arrumação também se estende ao campo da pintura.

Miró, Magritte e Van Gogh são alguns dos artistas cujas obras Ursus Wehrli renovou. A compulsão do artista levou-o a decompor os quadros e a pintá-los de um modo mais metódico, criando novas obras de arte mais arrumadas.

Este é um diferente olhar sobre o mundo.
Utópico sim, mas com uma elevada dose de criatividade.

domingo, 16 de outubro de 2011

domingo, 9 de outubro de 2011

Lá se vão os domingos culturais

CAM


Porque é que adiei tantas vezes uma ida ao Museu Nacional de Arte Antiga?
Agora vai ser mais difícil, visto que os museus vão deixar de ser grátis ao domingo.



Mas nem tudo são más notícias, as entradas nos museus não serão cobradas uma vez por mês. 


Sempre tenho um dia para me entregar à arte, ou será que as filas de espera vão sugar todo o tempo disponível  para a cultura?

Se os museus já recebiam poucos visitantes, mesmo com esta oferenda domingueira, com o fim da gratuitidade as visitas vão ser ainda menores.

Quem não consegue pagar a renda da casa, a conta do gás ou as compras do supermercado não vai gastar dinheiro numa ida ao museu.

A cultura é um bem essencial para o desenvolvimento de uma sociedade. O acesso às obras de arte estimula o espírito criativo da população, essencial para o desenvolvimento de um país.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Vladimir Putin e as suas aventuras radicais


O primeiro-ministro russo gosta de mostrar ao mundo que transpira coragem e virilidade.

De tempos em tempos participa em actividades desportistas que lhe conferem uma imagem de herói invencível.


Nadar com golfinhos, fazer rafting, andar a cavalo são algumas das aventuras que Putin já protagonizou.

Objectivo: captar a atenção mediática.
Os episódios radicais são idealizados e colocados em prática com o intuito de chamar a atenção da comunicação social.

Putin quer afirmar-se perante o eleitorado enquanto um homem bravo e capaz de ultrapassar qualquer desafio. E nada melhor do que infiltrar-se na natureza e estimular a adrenalina.

O último episódio remonta a Agosto deste ano: Putin foi filmado a retirar duas ânforas gregas do fundo de uma baía do Mar Negro, aventurando-se nas artes do mergulho.

Agora o acessor do primeiro-ministro russo veio dizer que a descoberta arqueológica não passou de uma encenação. Revelação que pode abalar a popularidade de Vladimir Putin, ou talvez não.

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Jardim das Pichas Murchas na freguesia de São Vicente, em Lisboa. 
05 de Outubro de 2011 Fotografia de Andreia Cruz

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

The Hour

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Jornalismo, investigação e Guerra Fria: esta é a combinação que marca a série televisiva "The Hour".

A mini-série (a primeira temporada é composta por seis episódios), produzida no Reino Unido, transporta o telespectador para um passado recente.

A trama desenrola-se em 1956 e revela a realidade da Guerra Fria.
Crimes secretos e episódios de espionagem surgem na sequência de investigações jornalísticas para um novo programa semanal da BBC.

Dominic West, Romola GaraiBen Whishaw (segundo muitos críticos, um dos melhores actores da sua geração) são apenas alguns dos actores que compõem o luxuoso elenco.

A série escrita por Abi Morgan resvala para a categoria do Drama, o que não impede que os espectadores sejam brindados com algumas cenas mais divertidas.

Estreou em Julho no Reino Unido e foi muito bem acolhida pelo público. Já está prometida uma segunda temporada.

Budas no Oeste


Busto, Buddha EdenDeitadas, sentadas, douradas ou simplesmente da cor da pedra. São inúmeras as formas que as estátuas do jardim apresentam.

O Buddha Eden Garden é um pedaço asiático plantado em plena região do Oeste. Situado no Bombarral, o espaço com 35 hectares, pode passar despercebido àqueles que são mais distraídos.

Mas a verdade é que todos acabam por lá chegar. Os autocarros estacionados à entrada, vindos de vários pontos do país, confirmam isso mesmo.

Os visitantes do Buddha Eden são convidados a explorar o espaço e a descobrir os segredos que o jardim encerra. Em determinados locais, o arvoredo esconde estátuas de budas e de entidades divinas.

Para os mais desatentos... Não, o espaço não está repleto de visitantes como aparenta à primeira vista. Trata-se de um exército de figuras de terracota, estátuas em tamanho real minuciosamente alinhadas.
Quem visitar o espaço é ainda brindado com um lago, cujas águas acolhem um coreto de influências asiáticas.