A era muda do cinema pertence a um passado muito remoto. A um período em que não existiam tecnologias que permitissem uma junção sincronizada do som com a imagem. Hoje o cinema dispõe de avançados equipamentos capazes de criar filmes 3D com os mais apelativos efeitos visuais.
Numa época de excessos imagéticos e sonoros,
Michel Hazanavicius optou por regressar ao minimalismo do passado.
O Artista, a sua última obra cinematográfica, pouco se diferencia dos filmes que eram exibidos nas salas de cinema nos anos 20.
A preto e branco e sem som, (excepto em duas cenas) o filme chamou a atenção da academia, conseguindo 10 nomeações para os Óscares (é o filme com mais nomeações depois de
A Invenção de Hugo de
Martin Scorsese com 11 nomeações).
Jean Dujardin está nomeado para melhor interpretação masculina. O actor francês faz uma interpretação fabulosa de uma estrela de cinema a quem não agrada a chegada do cinema sonoro. Ao tentar contrariar a emergência deste novo género cinematográfico acaba por se endividar e por se afastar do estrelato.
Ao longo do filme conclui-se que o som não é um elemento indispensável para o desenrolar da narrativa. É através da expressividade facial e corporal dos actores que se comunica e se transmitem as emoções. O recurso aos intertítulos também auxilia a transmissão da mensagem.
O som surge apenas em dois momentos do filme. Perturba. Fere o silêncio que imperava até então. Surge como um elemento estranho, que destrói temporariamente a magia.
Por momentos aproximamo-nos do protagonista, abominamos o som e queremos regressar ao cinema originário, aquele cujo único elemento sonoro era a música.