domingo, 25 de dezembro de 2011

Café Müller


"Tudo se tornou rotina e já ninguém sabe porque está a usar certos movimentos.
Tudo o que sobra é uma estranha espécie de vaidade que se afasta cada vez mais das pessoas.
E eu acho que deveríamos estar cada vez mais perto do outro."

Pina Bausch

Dizia a coreógrafa em 1978, ano de criação de Café Müller. Esta é uma das obras mais emblemáticas da artista alemã, dançada pela última vez no Jardim de Inverno do Teatro São Luiz, em 2008.

O cenário é composto por mesas e cadeiras, dispostas aleatoriamente. Pina Bausch surge num canto pouco iluminado. Com o cabelo atado e uma túnica branca sobre o corpo esquelético, move-se num solo sonâmbulo. São muitas as investidas contra a parede. O corpo parece adormecido. Ignora a dor. Continua a sua jornada.

Um outro corpo feminino irrompe pelo palco. Deambula pelo espaço ignorando as cadeiras espalhadas. Mas o seu protector não permite que esta embata nas cadeiras. Afasta-as a um ritmo frenético para que a dança esquizofrénica não seja interrompida.

Esta cena de Café Müller surge na abertura do filme Hable con ella de Pedro Almodóvar. Cena que emociona pela sua simplicidade e intensidade.

Sem comentários:

Enviar um comentário