quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

O castigo



Devo estar calado na sala de aula, escreve o rapaz no seu caderno de linhas A5.

O rebuliço do metro não o distrai. De tronco curvado e olhos fixos na folha, desenha as palavras sem pressa.



A letra, apesar de redonda e primária, denuncia algum cansaço. As palavras já não surgem tão alinhadas e compostas como na primeira página.

Impaciente, folheia o caderno e conta as linhas já escritas com a frase punitiva. Depois da contagem, retoma a tarefa. Parece que aquilo que escreveu ainda não é suficiente.

Quantas mais linhas serão necessárias para cumprir o castigo?

O metro segue, assim como o rapaz. O rapaz que nunca tira os olhos do seu pequeno caderno de linhas.

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